GêneroJongo
LocalGuaratinguetá, São Paulo

SOBRE

O Jongo é uma das mais importantes formas de expressão cultural de comunidades afrodescendentes do sudeste do Brasil, tendo sido registrado como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro em 2005. A tradição, que inclui tambores, canto, dança e poesia, é uma herança dos africanos de origem banto, trazidos de Angola e do Congo pelo tráfico escravo para trabalhar nas lavouras do Vale do Paraíba, principalmente na cultura do café. Em Guaratinguetá, enraizou-se no bairro Tamandaré, onde sua comunidade o preserva, transmitindo o conhecimento jongueiro de geração em geração. Em rodas como a do Tamandaré, ainda nos dias de hoje os jongueiros cantam para falar da sua comunidade, comentar a sua experiência cotidiana e lembrar da sua história e de seus personagens maiores. Assim, o Jongo representa para muitas comunidades negras do sudeste um importante espaço de diálogo, de resistência e de afirmação de valores comunitários e de identidades afro-brasileiras.

O bairro Tamandaré possui pouco mais de dez ruas, cuja via principal é a Rua Tamandaré por onde passam, obrigatoriamente, todos aqueles que entram ou saem do bairro, não havendo outra entrada ou saída que não seja esta rua. Uma rua comprida que se inicia próximo ao terminal rodoviário de Guaratinguetá e se estende até próximo ao Bairro dos Motta (zona rural do município, também conhecida como “roça”), e sobre a qual atravessa a Via Dutra. Esta rua comporta a maior parte dos jongueiros do bairro, embora outros estejam localizados nas ruas menores.

O citado Bairro dos Motta é importante, pois àquele lugar é atribuída a origem do jongo no Tamandaré que, na narrativa dos jongueiros, se deu através de negros migrantes. O casal de negros libertos Henrique Martins e Angelina Martins é tido na memória dos moradores do bairro como o casal que trouxe o jongo para Guaratinguetá há cerca de 150 anos. Suas netas, Dona Mazé e Dona Fia, são quem guardam as memórias. Versão que é endossada por outros moradores no bairro. Contando a origem do jongo em Guaratinguetá, Dona Mazé diz que: “Eles (seus avós) depois de libertados vieram e ganharam (uma imagem de) (…) São Pedro e meu avô comprou um sítio lá no Bairro dos Motta. Aí ele começou a fazer a festinha do jongo lá no sítio dele. Ele vinha aqui na Boa Vista, pegava todo mundo e levava pro sitio dele. Daí ele fazia a festinha lá, todo mundo ia, bebia lá, comia lá, ficavam lá. No outro dia é que vinham embora. Daí eles ficaram demais velhinhos né, vieram embora pra casa da minha mãe e do meu pai (na Rua Tamandaré) e faziam o jongo. Daí eles pediram, ‘_ Ah! Não deixa a festa morrer!’, né! ‘_ Enquanto existir uma pessoa da família, não deixa a festa morrer, nem que seja só a reza vocês fazem!’. Então nós pegamos e continuamos. Por enquanto, enquanto a gente tiver força e saúde nós vamos continuar com o jongo”.
Atualmente as ações da comunidade de Tamandaré se inscrevem em uma ampla rede articulada em torno da salvaguarda deste bem que conta com a participação de grupos e Mestres da comunidade. O Jongo mantém-se graças às festas promovidas pelo esforço coletivos comunidade de Tamandaré. O grupo de Jongo da Associação Quilombolas do Tamandaré faz periodicamente reuniões do grupo, apresentações, participa das festas da comunidade, e mantém compromisso com a educação social, que implica em levar a cultura jongueira para todos os campos.

Fotos

2005
1999

Vídeos

2004
Roda – 19jun2004

Áudios

2000
Roda – 01jul2000
1998
Roda – 28jun1998
Roda – 30mai1998

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Castilho
Folia de Reis
Pirapora do Bom Jesus
Samba de Bumbo