CD Irmandade do Rosário de Justinópolis

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CD Irmandade do  Rosário de Justinópolis – Tambores que Chamam (MG) (2007) As tradições do Congado, Candombe e Moçambique de uma das mais importantes comunidades tradicionais de Minas Gerais

Integra a Coleção Turista Aprendiz, Petrobrás, 2007.

 

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Descrição

Candombe, Congo, Moçambique, Folia de Reis são algumas das tradições que a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis reúne há mais de cem anos: tradições que convivem com o burburinho urbano desse bairro de Ribeirão das Neves, cidade da Grande Belo Horizonte, Minas Gerais. Pelas ruas movimentadas de Justinópolis, passeiam os vários festejos da comunidade. Entre eles, há a Folia de Reis, que a partir do Natal até o início de fevereiro visita casas da vizinhança com suas belas cantorias, acompanhadas de caixa, violas, cavacos, sanfonas, seguindo os três reis magos mascarados, exímios dançadores. Há também o longo cortejo, na Sexta-feira da Paixão, até a igrejinha da Colina, celebração reativada há alguns anos pelos congadeiros de Justinópolis. E a grande festa da padroeira Nossa Senhora do Rosário, todo último fim de semana de outubro, trazendo grupos de congado de várias partes do Estado para as imediações da igreja da Irmandade.

Mas houve um tempo em que esses congadeiros cheios de fé não tinham igreja nem sede para guardar seus ritos. No início do século passado, era para o meio da rua que traziam seus tambores e se reuniam para cantar e dançar. Tudo começou com o Candombe, em 1916. Ao ver os congadeiros se reunirem na rua, um proprietário de terras, encantado com a beleza daqueles cantos, batuques e danças, decidiu doar o terreno onde está atualmente a igreja e a sede da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis. Hoje, os tambores do Candombe – santana, santaninha e jeremia (também chamado grima ou chama), além do guaiá e da puíta – abrem as festas, reúnem a comunidade e seus visitantes, e depois disso, ficam recolhidos num canto especial da sede. Reinado, capitães, marinheiros, todos pedem a bênção a esses tambores cada vez que saem para bater o Congo e o Moçambique.

Mas é necessário voltar ao início do século para falar da origem do Congo de Justinópolis: este surgiu logo depois do Candombe, possuía instrumentação distinta: duas violas na marcação, além de caixas bem pequenas. Era por isso chamado Congo de viola, composto somente por homens, com dois capitães alternando nos cânticos. Bem diferente de hoje: formado principalmente por mulheres, com caixas e patangomes agilíssimos na marcação. O congo é a maior guarda da Irmandade de Justinópolis. Possui timbre vocal de limpidez impressionante e dança ligeira que cativam pela leveza e precisão.

O Moçambique surgiu mais tarde, na década de 50. Nele, além das caixas e patangomes, há as gungas ou campanas: chocalhos, de lata ou de palha, presos nos tornozelos dos dançadores. O canto, feito por vozes masculinas em sua maioria, tem um timbre bem diferente do Congo. É mais grave e ralentado; majestático. É o Moçambique que abre caminho para o Reinado do Rosário: rei congo, rainha conga, rei perpétuo, rainha perpétua e reis festeiros. O Moçambique vai sempre devagar, imponente e contrito. E quando ele passa, é o tempo que parece parar, suspenso pela soma das vozes, patangomes e caixas, e pelo espetáculo à parte do sapateado das gungas.

Congo e Moçambique de Justinópolis, com características tão singulares, sempre juntos nos cortejos, podem ser comparados às duas pontas de um mastro, como os que se levantam nos terreiros de congado em dia de festa: uma das pontas, fincada no chão, é raiz que tira da terra (e nela crava) a força da fé e da arte dessa Irmandade; a outra eleva flores ao céu, espalha no ar as sementes de suas riquezas ancestrais.

FICHA TÉCNICA Coordenação – Renata Amaral * Direção e Produção Musical – André Magalhães, Lincoln Antônio e Renata Amaral * Gravação – Ernani Napolitano, André Magalhães e Estúdio Maracá * Pré-edição – Lincoln Antônio e Renata Amaral * Edição, Mixagem e Masterização – André Magalhães * Assistentes – Filipe Magalhães e Estúdio Zabumba * Produção Executiva – Empório de Produção, Jussara Pinto e Luli Hunt * Assistente de produção – Jessica Comparotto e Juliana Rodrigues * Produção Projeto Turista Aprendiz – Patrícia Ferraz * Produção Local – Dirceu ferreira Sergio (assistente: Adelmo Nascimento) * Textos: Juçara Marçal, Lincoln Antonio e Renata Amaral * Fotos: Angélica Del Nery, André Magalhães e Renata Amaral * Tradução – Augusto César * Projeto Gráfico – André Hosoi * Bordados – Renata Amaral * Fotos tecidos – Stela Handa.