Acervo Maracá

O Acervo Maracá reúne milhares de registros audiovisuais recolhidos desde 1991 em mais de 100 comunidades de 56 municípios, em 15 estados brasileiros. Esses registros, que revelam um painel importante de nossa cultura popular, já deram origem a dezenas de publicações – 30 CDs, 12 documentários, 2 livros e vários  artigos. Reconhecido como uma das principais coleções de gêneros tradicionais do Brasil, recebeu em 2019 o Latin Grammy Research Award, e diversos outros prêmios como Rodrigo Melo Franco Andrade – IPHAN (2011 e 2017); Interações Estéticas, Prêmio da Música Brasileira, Rumos Itau, Funarte e outros, além de aprovações em editais públicos de empresas como Natura, Petrobrás, Chesf, Caixa, Votorantim, Itau, etc, para a realização dos seus registros.

A tradição é a expressão pragmática da memória, nos servindo de referência e impulso para o futuro. Cantado por seus mestres geração após geração, o repertório das tradições populares se funde, se adapta, se particulariza, e tem como resultado uma surpreendente elaboração estética. São ‘hits’ atemporais, filtrados pelo tempo, esculpidos pela memória. Produzidas muitas vezes em situações de conflito, miséria e exclusão social, é assombrosa a sua força criativa.

O acervo recolhido pela musicista Renata Amaral é resultado de 30 anos de convivência intensiva e apaixonada com nossas culturas tradicionais, seus guardiões e artistas, trazendo registros históricos de diversos mestres e brincantes já falecidos e outros ciclos e momentos raros. Esse imenso acervo forma um amplo painel da cultura tradicional brasileira hoje, mostrando uma cultura popular exuberante e vigorosa, onde o talento dos artistas e a vitalidade destas tradições revelam diversidade e identidade em um Brasil contemporâneo, onde piercings e celulares convivem sem conflitos com rendas e rosários.

Realizados sempre com a melhor qualidade técnica disponível, os registros trazem não só uma enorme diversidade de manifestações, mas a consistência incomum que acompanhou várias dessas comunidades ano após ano em uma convivência longa e fundamentada, acompanhando seu calendário de ciclos e festejos em diversas épocas do ano, entrevistando mestres e brincantes, fazendo registros especiais a pedido destes, convivendo estreitamente com esses grupos e guardiões, criando laços profundos de amizade e confiança.

Laços e momentos que foram partilhados com os parceiros André Magalhães, Lincoln Antonio, Marquinhos Mendonça, Marcelo Pretto, Jandir Gonçalves, a Barca e a família Menezes, a quem agradeço dividir comigo o encantamento inesgotável dessas melodias. Registros do Ciclo Junino de São Luís, zona rural e Baixada Maranhense, de 1999 a 2019; do carnaval pernambucano, Recife e Zona da Mata de 1997 a 2019, de comunidades Guarani de SP desde 1991, da Festa de São Benedito de Aparecida (SP) desde 1998, da Casa Fanti Ashanti e seu calendário imenso desde 1999 e de dezenas de grandes guardiões de nossa cultura que já nos deixaram podem ser ouvidos nas páginas do acervo.

pesquisa, fotos, vídeos e textos

Renata Amaral

Formada em composição e regência, mestre e doutoranda em performance Musical pela UNESP, tem se apresentado em todo o Brasil e Europa ao lado de artistas como A Barca, Ponto br, Tião Carvalho, Sebastião Biano, Orquestra Popular do Recife e outros. Pesquisadora e contrabaixista, desde 1991 reúne o Acervo Maracá, tendo produzido mais de 30 CDs e 12 documentários de gêneros tradicionais que receberam diversos prêmios. Realizou residências artísticas no Maranhão e no Benin. Autora de Pedra da Memória, com seus grupos Ponto br, A Barca e o Terno de Mestre Biano, gravou 7 CDs e realizou mais de 500 apresentações em projetos de circulação, registro e arte educação. Ministra cursos e oficinas com foco em Cultura Tradicional em escolas e universidades.

produção executiva

Aline Fernandes

Trabalha com produção cultural desde 2012. Junto à Maracá realiza o acompanhamento de projetos de pesquisa e produção artística com grupos como Ponto Br, Pedra da Memória e a Barca. Além disso, atua independente com artistas como Lia de Itamaracá, Ana Maria Carvalho e Grupo Cupuaçu, sempre tendo a cultura tradicional como principal fio condutor de seus trabalhos. É idealizadora e realizadora da Mostra Elas Em Cena, e diretora do documentário Mestre Kenura: a roda é universo.

digitalização e organização

Ana Caroline Bittencourt

É graduada em Audiovisual desde 2010. Foi trabalhando junto à Maracá que desenvolveu o interesse em aprofundar-se em assuntos relacionados à manutenção de espaços de memória e organização da informação. Também trabalha com pesquisa e edição de vídeo.

designer e desenvolvedora

Paula K.

Designer gráfico e desenvolvedora web graduada em Comunicação com habilitação em Editoração pela ECA-USP, com especialização em Desenvolvimento de Aplicações Web pela PUC Minas. É responsável pelo desenvolvimento e design do Acervo Maracá.

digitalização e organização

Luiza Fernandes

Luiza tem no audiovisual, música e tradições populares seus principais eixos de atuação. Desde 2016 atua no ramo audiovisual, com trabalhos indicados a prêmios e festivais. É graduada em comunicação social pela Universidade de São Paulo e atualmente realiza mestrado em Música Cultura e Sociedade na Unicamp, tendo o audiovisual no bumba meu boi como fio condutor de seu trabalho. Trabalhou em no Acervo Maracá, no processo de organização e digitalização de arquivos audiovisuais, bem como no filme Guriatã. Passou também por lugares como Pacto Global da ONU, Billboard Brasil e Verdura Produções. É uma das idealizadoras da banda Berberes e é brincante do Grupo Cupuaçu de Danças Populares.

produção

Ricardo Souza

Bacharel em Ciências Sociais pela USP. Atuou como Educador do Museu Afro Brasil em São Paulo; trabalhou com projetos de salvaguarda do patrimônio imaterial na Superintendência do IPHAN/SC; tem experiência em pesquisas e formações em história e cultura popular, africana e afro brasileira, produção de projetos culturais e educativos para diversos grupos e artistas da cidade de São Paulo.

pesquisa e produção musical

André Magalhães

Produtor musical, músico, baterista, percussionista, pesquisador de cultura tradicional, compositor, arranjador e eng de áudio especializado em gravações acústicas e externas. Nas diversas funções realizou muitos discos, shows, projetos de formação, direções de palcos, filmes e projetos especiais com artistas, grupos e músicos do Brasil e mundo que inclui centenas de produções envolvendo povos indígenas, mestres e grupos da cultura popular.

supervisora de acervo, catalogação e revisão

Sonia Vasconcellos

Arquiteta, carioca, brincante, pesquisadora apaixonada de nossas tradições populares, coordenadora de vários grupos de estudos especialmente voltados para o Coco. Idealizadora do Cocodekentakí, promovendo rodas que animam as ruas do Rio de Janeiro nas muitas variantes da brincadeira. Compositora e percussionista, reúne também um precioso acervo de milhares de discos de vinil e raridades como gravações de pesquisas de campo que realizou sobre diversas manifestações populares brasileiras.