Catálogo Afetivo “Acervo Maracá: 30 anos” (2021)

Acervo Maracá 30 Anos: Catálogo Afetivo.

 
O Acervo Maracá é um acervo pessoal, com foco nas tradições populares brasileiras, reunido desde 1991 pela musicista e pesquisadora Renata Amaral. Um dos principais acervos de tradições populares do país, reúne milhares de registros audiovisuais de tradições populares recolhidos em mais de 100 comunidades de 56 municípios, em 15 estados brasileiros. Esses registros já deram origem a dezenas de publicações – 30 discos, 12 documentários, 2 livros e diversos artigos, tendo recebido os mais importantes prêmios da área, como Latin Grammy Research and Preservation Award (2019); Rodrigo Melo Franco Andrade/IPHAN (2011/2017); Interações Estéticas (2009/2010), Prêmio da Música Brasileira, Rumos Itau, Funarte, Petrobras Cultural e vários outros. O acervo é resultado de 30 anos de convivência intensiva e apaixonada com nossas culturas tradicionais, seus mestres e artistas, e compreende centenas de mídias diversas (Mais de 300 MDs, 400 MiniDVs, DVCam, VHS, etc), além de cerca de 30 HDs, milhares de fotos em papel e negativos, cadernos de campo, instrumentos e objetos de indumentária/artesanato.

 
Realizados sempre com a melhor qualidade técnica disponível na época, esses registros trazem não só uma grande diversidade de manifestações, mas uma consistência incomum, que acompanhou várias dessas comunidades ano após ano em uma convivência longa e fundamentada, acompanhando seu calendário de ciclos e festejos em diversas épocas do ano, entrevistando mestres e brincantes, fazendo registros especiais a pedido destes, convivendo estreitamente com esses grupos e guardiões, criando laços profundos de amizade e confiança. Alguns registros feitos anualmente:

 
– As cerimônias de batizado e diversos rituais diários de cura/rezas da Comunidade Guarani de Rio Silveiras (São Sebastião, SP), de 1991 a 2018.
– O ciclo carnavalesco de Recife e Zona da Mata de Pernambuco (Maracatus de Baque Solto e Baque Virado, Caboclinhos, Xangô do Recife, Jurema, Orquestras de Frevo, Clubes de Bonecos, Bois de Carnaval, Ursos, etc), de 1997 a 2019.
– As Festas de São Benedito em Aparecida do Norte (SP) com dezenas de grupos de congado e Moçambique do Sudeste, de 1998 a 2018.
– O Ciclo Junino de São Luís, zona rural e Baixada Maranhense (Bumba Bois de diversos sotaques, Tambor de Crioula, Caroço, Lelê, Cacuriá, etc), de 1999 a 2019.
– Os festejos do ciclo natalino (Natal/Reis) entre os Reisados e Guerreiros do Cariri Cearense e os Carimbós da região do Salgado paraense, de 2003 a 2014.
– O calendário de diversos terreiros de Tambor de Mina do Maranhão Casa das Minas Jeje, Casa de Nagô, terreiros de Jorge Babalaô, de Justino, Mãe Elzita, Portas Verdes e dezenas de outros no interior do Estado, quilombos, e em especial a Casa Fanti Ashanti, em centenas de horas de registros dos diversos gêneros sagrados e profanos que cultiva.

 
Além desses há registros extensos de comunidades Timbira (19 aldeias dos povos Krahô, Krikati, Gavião e Kanela do Maranhão e Tocantins), e do projeto Pedra da Memória, realizado entre 2010 e 2014 entre Brasil e Benin (África Ocidental), que renderam quase 100 fitas DVs, 10 mil fotos e 4 HDs com registros das comunidades Agudás, os retornados, Zangbeto, Geledes, comunidades de Culto Vodun e outras em várias cidades do país africano.

 
Este acervo traz ainda registros preciosos de dezenas de Mestres já falecidos, como o grande babalorixá Euclides Talabyan, o pajé Guarani Awa Jejocó e Mestre Humberto de Maracanã, guardiões com os quais a musicista conviveu longamente e estreitamente. Mestre Verdelinho e Mestra Virgínia do Coco e Guerreiro de Alagoas, Mestre Edmundo Silva e Seu Eliésio do Boi de Cururupu, Mestre Leonardo e Terezinha Jansen dos Bois de Zabumba, Mestre Felipe e Mestre Nivô do Tambor de Crioula, Mestre Apolônio, D Teté do Cacuriá, Dona Celeste Santos e Dona Deni da Casa das Minas, Seu Juvercino de Jequitibá, Mãe Silvia, Mãe Lúcia e Seu Bibi Batazeiro da Casa de Nagô, Pai Jorge Babalaô, Pai Francelino de Xapanã, Mãe Zizi da Belira, Tia Mãezinha e D Janda do Sítio de Pai Adão, Mestres Biu Roque e Mané Deodato do Cavalo Marinho, Tia Fia e Dona Zezé do Jongo de Guaratinguetá, Mestres Celé e Dico Boi do Carimbó de Santarém Novo, D Elza do Caroço de Tutóia, Mestre Miguel do Pífano de Juazeiro, Mestre Tácio do Maracatu Cruzeiro do Forte, Mestre Tavares da Gaita de Caruaru, Mãe Gildete do Terecô e grandes cantadores Timbira como Velho Diniz, entre muitos, muitos outros.