CD “Torés e Rojões” – Kariri Xocó (2007)

CD “Torés e Rojões” – Povo Kariri Xocó (AL), 2007.
Os cantos polifônicos da comunidade indígena de Porto Real do Colégio, na beira do Rio São Francisco

A aldeia indígena Kariri Xocó está localizada em Porto Real do Colégio, Alagoas, à margem esquerda do rio São Francisco, na divisa com Sergipe, região onde estão pelo menos desde o início do séc XVIII. Os Kariri Xocó formam uma nação que se destaca entre os povos indígenas do Nordeste na manutenção de sua cultura tradicional. Música , dança, língua, artesanato, medicina, costumes e organização social foram preservadas, assim como sua intensa religiosidade, vivida através dos rituais diários e do grade rito anual do Ouricuri. A denominiação tribo Kariri Xocó surgiu no início do séc. XIX, da união entre os Kariri e os Xocós, e a fusão de vários grupos tribais dessa região depois de séculos de aldeamento e catequese. Os Kariri são dos mais antigos povos da região nordeste, grandes guerreiros e acolhedores de outras nações indígenas. Registram contato com os colonizadores desde 1501. O 1º Posto da FUNAI na aldeia foi criado em 1943, pelo pajé Francisco Queiroz Suira que em seu primeiro relatório informa que a população dos Kariri Xocó era de 166 pessoas. Em 1979, havia 728 índios registrados neste Posto, e atualmente encontram-se perto dos 3.600.

Vivem em parte de seu território tradicional. A sobrevivência durante séculos garantida pela agricultura, pesca e caça, foi alterada por diversos fatores, entre eles, as barragens no Rio São Francisco. Atualmente sobrevivem como trabalhadores em plantações de arroz de não-índios, embora as plantações estejam em suas próprias terras. Outra fonte de renda é o uso do barro para a fabricação de tijolos pelos homens, sendo as mulheres do grupo famosas ceramistas, dedicando-se à fabricação de utensílios e potes de barro que são vendidos na feira local. A língua nativa é o Macro-Jê, que perdeu sua presença na vida dos Kariri Xocó ao longo do tempo, sendo que nos dias atuais apenas os mais velhos falam a língua e apenas alguns termos são usados na aldeia para designar plantas medicinais por eles utilizadas e expressões do ritual do Ouricuri, assim como nos cantos.

Excelentes cantores, os Kariri tem a música como alicerce das mais diversas atividades. O trabalho, a religião, a cura, o lazer são conduzidos por ela, que reflete simbolicamente os ciclos da natureza e a vida social da aldeia. Os torés são danças rituais cantadas em português ou na língua nativa (Macro-Jê), cujos temas e coreografias estão ligados a elementos da natureza como os pássaros, as folhas, o vento, a terra, o fogo, etc e têm diversas funções como a cura, a celebração de festejos e ainda a comunicação com os ancestrais. Os rojões são cantos de trabalho que impulsionam e organizam o trabalho dos mutirões na roça, nas plantações de arroz, nas casas de farinha ou na tapagem das casas.

Description

FICHA TÉCNICA:

Coordenação: Renata Amaral

Direção e Produção Musical: André Magalhães, Lincoln Antônio e Renata Amaral

Gravação: Ernani Napolitano, André Magalhães e Estúdio Maracá

Pré-edição: Lincoln Antônio e Renata Amaral

Edição, Mixagem e Masterização: André Magalhães

Assistentes: Filipe Magalhães e Estúdio Zabumba

Produção Executiva: Empório de Produção, Jussara Pinto e Luli Hunt

Assistente de produção: Jessica Comparotto e Juliana Rodrigues

Produção Projeto Turista Aprendiz: Patrícia Ferraz

Produção Local: Dirceu Ferreira Sergio

Assistente de Produção Local: Adelmo Nascimento

Textos: Juçara Marçal, Lincoln Antonio e Renata Amaral

Fotos: Angélica Del Nery, André Magalhães e Renata Amaral

Tradução: Augusto César

Projeto Gráfico: André Hosoi

Bordados: Renata Amaral

Fotos tecidos: Stela Handa

 

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