Livro “Pedra da Memória” – Renata Amaral (2013)

Livro Pedra da Memória, CHESF, 2013.

1,800 Kgs; capa dura; formato fechado: 28,5 x 28,5cm; lombada aproximada: 2cm; 240 páginas; Ano de edição: 2012; Acompanha um DVD. Idiomas: português, inglês e francês.

 

Livro de fotografias e memórias do Babalorixá Euclides Talabyan, que conduzem um diálogo estético entre os gêneros populares do Brasil e do Benin (África Ocidental).

 

Assunto: arte, cultura tradicional, religiosidade, fotografia, humanidades

 

“Pedra da Memória nasceu a partir de mais de dez anos de convivência assídua com a casa Fanti Ashanti, sua comunidade, sua cultura, cultivando laços profundos de amizade e colaboração que já resultaram em diversos registros em CD e documentários da Casa. Em 2009 e 2010, recebi por duas vezes o Prêmio Interações Estéticas da FUNARTE, que me permitiram, na longa residência artística em São Luís, um mergulho mais concentrado em seu cotidiano e na complexa trama de seu universo mítico e temporal”.

(Renata Amaral)

 

“A natureza da pedra é estável. As suas partes aderem entre si, então a matéria da pedra resiste bem às forças que pretendem desagregá-la. O caráter da pedra determina o seu destino. Mas a resistência da pedra é maior quando a sua concretude, sem deixar de ser compacta, sabe se tornar porosa. Arejada, permeável, propensa a ser maleada. Água mole não fura a carnadura dessa pedra: a água passa e a pedra fica no lugar, perfumada pelo sal, adensada pelo que reteve da água. É quando a pedra destila leite. E sangue. Amorosamente enlaçadas, as duas cores formam um terceiro tom, a que chamamos memória”.

(Trecho do Prefácio, por Walter Garcia)

 

O projeto Pedra da Memória promoveu um profundo diálogo entre a cultura dos dois países, ao levar às comunidades de culto vodun no Benin uma comitiva da Casa Fanti Ashanti, um dos centros afro religiosos mais importantes do Maranhão. A artista-pesquisadora Renata Amaral, o Babalorixá Euclides Talabyan, o antropólogo beninense radicado no Brasil Brice Sogbossi, a Iyakekerê Isabel Onsemawyi e o Ogan Carlos, da comunidade Maranhense, visitaram as cidades de Cotonou, Abomey, Ketou, Porto Novo, Ouidah, Allada, Pobe e Sakete, realizando encontros e registros audiovisuais de diversas tradições como os “Toques de vodun”, “Zangbeto”, “Egungun”, cerimônias “Geledés”, música “Kudo” e as tradições dos “Agudás”; os afrobrasileiros do Benin, descendentes de ex-escravos libertos no Brasil e trabalhadores do tráfico escravagista, que retornaram ao Benin quando a escravidão foi abolida.

 

Uma experiência transformadora aos participantes. Além do grande material registrado nesta viagem, associado ao rico acervo pessoal de quinze anos de pesquisas de Renata Amaral em diversos estados brasileiros, foram feitos novos registros no Maranhão por seis meses de residência artística na Casa Fanti Ashanti.

 

Pedra da Memória é fruto da memória prodigiosa de Euclides Talabyan, através da qual a história das religiões afro brasileiras no Maranhão pôde ser reconstruída de forma luminosa, além das transformações de suas brincadeiras populares e a geografia particular da ilha de São Luís ao longo de sua ocupação.

 

Esta memória não só o liga à presença milenar das entidades que retornam em seu corpo para fundamentar seu conhecimento e recriar sua religião em constante movimento, como se conecta em cadeia à memória de suas matriarcas, cujos relatos remontam ao século XIX.

 

A Memória

 

Numa religião ligada à ancestralidade, a memória é o cerne desse conhecimento. Não só pela necessidade de reter uma quantidade enorme de informações sobre a cosmogonia, suas manifestações e inúmeros procedimentos, mas porque esse conhecimento está a serviço do culto de ancestrais divinizados, que atravessam milênios e oceanos para se comunicarem com seus descendentes.

 

As culturas orais filtram qualitativamente através do tempo seus saberes e fazeres, esculpidos pela memória de seus guardiões. Este aprendizado traz um outro comprometimento com a memória e desenvolve mecanismos eficientes que guardam arquivos inteiros e os correlacionam, ao invés dos “links” que aprendemos a reter na alfabetização. As diversas entidades que tomam o corpo dos iniciados em transe, também marcam em sua memória corporal um vasto repertório artístico que se revela e se recria nas brincadeiras profanas, fornecendo ferramentas para a criação e o improviso.

Description

FICHA TÉCNICA:

Fotografias e Textos: Renata Amaral

Prefácio: Walter Garcia e Brice Sogbossi

Desenhos: Carybé

Additional information

Weight 1.8 kg
Dimensions 30 × 30 × 3 cm

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