O Lunzó Redandá ou Reino de Dandaluanda (o inkisse correspondente ao orixá Oxum) é uma casa de candomblé Angola situada em Cipó-Guaçu, distrito de Embu-Guaçu (SP). Ocupa uma área preservada de seis alqueires de manaciais e vegetação nativa, em meios aos quais erguem-se as construções que abrigam os inkisses (divindades correspondentes aos orixás na tradição nagô), os barracões de dança, cozinhas, varandas e inúmeros compartimentos destinados ao culto religioso, além das casas das diversas famílias de iniciados que, como num verdadeiro quilombo, moram no sítio do Redandá.
A casa foi fundada em 1958 por Mametu Kafumungongo que, em 1975, ainda em vida, entregou a Tata Guiamazy a função de Tata Inkisse do Lunzó. Desde então, este passou a liderar essa casa que hoje conta com mais de quinhentos iniciados espalhados por todo Brasil e Europa e inúmeras casas abertas por seus filhos.
Tata Guiamazy é filho de Tada Gitadê e neto de Tata Londirá, o lendário Joãozinho da Goméia, baiano que na década de 40 fincou as raízes do candomblé de tradição bantu no Sudeste, e criou a polêmica ao gravar cantos de terreiro em LPs de 78 rotações para gravadora Continental. O Redandá, seus ritos e obrigações, segue a mesma tradição gomeana iniciada por seu avô.
A influência dos negros vindos da região do Congo a Angola é responsável pela formação de incontáveis gêneros populares brasileiros, como a capoeira, o tambor de crioula, o carimbó, o coco de roda, o jongo, o candombe, o zambê, e inúmeros outros, sendo que a tradição bantu foi a que mais marcadamente influenciou nossa música urbana. Nos toques do candomblé Angola, como o cabula, barravento, congo de ouro, muzenza e ijexá, ouve-se com clareza as matrizes rítmicas, formais e melódicas de nossa música urbana. Uma longa linhagem de Tatas Kambandos (Ogãs) da casa, liderados pela voz visceral de Tata Guiamazy conduzem as zwelas – cantos tradicionais – que são cantadas em dialeto Kimbundo, e acompanhadas pelos inkisses ngoma, os tambores rituais. A comunidade do Redandá, além das atividades religiosas, cultiva ainda diversos outros gêneros de tradição afro-brasileira, como o samba de coco, o samba angola, o jongo e a capoeira.