GêneroForró de Gaita
LocalCaruaru, Pernambuco

SOBRE

José Tavares da Silva, conhecido como Mestre Tavares da Gaita, nasceu em 10 de Março de 1925 em Taquaritinga do Norte/PE, depois se mudou para Toritama, onde morou por 40 anos até chegar definitivamente em Caruaru. Filho de Manuel Tavares da Silva e Maria Bezerra da Silva, sua família toda ligada era aos trabalhos no campo, de onde só saiam para realizar na cidade.

O contato de Mestre Tavares com a música vem desde criança, quando ainda com 13 anos de idade tocava surdo na Banda de Toritama e ainda fazia parte da Regional (também conhecida como “Banda Oferecida”) participando como percussionista. Já em Caruaru, tomava conta de uma casa de jogos chamado Sinuca Caruaru até se decidir pela música na década de 1970 quando encontrou um realejo numa gaveta. Realejo nesse caso é um tipo de gaita, a qual Tavares praticou até aprender a tocar sem saber nada de teoria musical.

Com esses estudos com a gaita, ainda inventou um jeito novo de tocar, com a gaita invertida, sendo assim, o som se assemelhava com o de uma sanfona, e partir disso que José Tavares passou a ser chamado de Mestre Tavares da Gaita. Na década de 1980, viajou por vários estados do Brasil com o teatro Mambembe de Caruaru, onde criou e tocou vários instrumentos. Foi a partir desse envolvimento com o teatro caruaruense que Tavares também foi um dos que participou das gravações do filme “A Peleja do Bumba meu boi contra o vampiro do meio dia“.

Além do virtuosismo com a gaita, Tavares também era artesão e desenhista. O desenho, sempre baseado em formas geométricas, era mais nos momentos de distração, mas os instrumentos, todos de percussão, são por volta de 100 que Mestre Tavares criou. Inclusive, todos os instrumentos que usava eram criados por ele, com matéria-prima de fácil acesso como cano de PVC, madeira reaproveitada e coisas do tipo. Dentre eles tem o “Acoquê”, instrumento formado por duas quenga de coco, com uma fenda no meio e umas bolinhas dentro. Um outro bem conhecido também é o “Bambu-reco-som”, uma espécie de reco-reco feito de bambu.

Para se ter uma idéia da grandeza artística do Mestre, ele ficou conhecido em vários países da Europa e dos EUA, inclusive o jornalista José Teles conta que no final de 1989 levou uns instrumentos de Tavares para Naná Vasconcelos que na época morava nos EUA. Naná, que também era pernambucano, foi considerado várias vezes como o melhor percussionista.

Em 2003, Mestre Tavares da Gaita gravou o seu 1º (e único) disco chamado “Sanfona de Boca”. Disco de forró instrumental, tendo a gaita como carro-chefe sonoro, naquele mesmo esquema, invertido, com efeito sonoro similar ao de uma sanfona. Faleceu em Caruaru, em abril de 2009, com 84 anos, mas deixou o legado do disco e os instrumentos criados. Mesmo sem conhecimento formal por sua importante contribuição para a música brasileira, inventou seus próprios instrumentos e um novo jeito de tocar gaita.

FOTOS

Tavares da Gaita

 

ÁUDIOS

Mestre Tavares da Gaita

 

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